segunda-feira, 6 de junho de 2011

Capítulo 9

Oláaa!
Hoje serei breve, assim como esse novo capítulo.
Estou tentando lutar contra o tempo para manter o blog atualizado, não só com a história Vivendo o Acaso, quanto com noticías relevantes ao tema. Acredito que não adianta escrever uma ficção sem mostrar o que acontece na realidade.
Enfim, espero trazer notícias em breve, enquanto isso aproveitem o capítulo!
Até mais!

9


            Entramos na táxi, as duas no banco traseiro. Bruna não falou nada, só olhava para a rua pela janela. Fiz o mesmo, com medo de que ela tenha ficado chateada com o que havia acontecido. Observando a janela vi que o táxi tomava o rumo contrário ao centro.
— Onde estamos indo?
-Para a sua casa. — disse Bruna.
-Não quero ir para a minha casa. Deixe-me ficar no seu apartamento? Moço, vamos para o centro.
-Julia, é melhor você ir para casa e descansar um pouco...
-Bruna, para. Eu não bati a cabeça, então não estou louca. Sei o que estou fazendo. Posso dormir na sua casa? Além do mais, vou chegar em casa molhada e sem carro, meus pais vão surtar.
-Tudo bem. —  olhou para mim meio contrariada — Moço, pode dar a volta por favor. Vamos para o centro.

Entramos no apartamento no 13º andar. Estava escuro exceto pela luz fraca que entrava pela janela aberta. Tudo era como eu lembrava, e firmava em minha mente que não tinha sido um sonho. Tudo era igual exceto pelo livre, sem garrafas ou roupas jogadas.
            — Melhor você tirar essa roupa molhada. Vou pegar umas roupas secas e você pode tomar banho.
            — Tudo bem.
            Bruna foi até a cômoda, abriu umas gavetas e tirou umas mudas de roupa.
            — Tem uma toalha branca que está limpa no banheiro. Pode usá-la. — respondi com um rápido “ok”, e entrei no banheiro.
            O banheiro era pequeno e com todos os objetos parecia ainda menor. Deixei as roupas que Bruna havia entregue em cima do vaso sanitário e abri o chuveiro. A água estava quente o suficiente para me fazer relaxar. Tentei prolongar ao máximo meu banho, mas não consegui. Usei a toalha que ela havia falado para me secar. Bruna havia me dado uma camiseta branca folgada e uma calça de moletom cinza. Vesti a camiseta e deixei a calça no banheiro. Olhei-me no espelho, minha maquiagem estava borrada. Tirei com água da pia o que dava, mas logo desisti.
            Saí do banheiro e no quarto Bruna havia preparado um colchão no chão.
            — Você pode ficar na cama. Vou tomar um banho também. Fique a vontade. — e entro no banheiro antes mesmo de eu dizer qualquer coisa.
            Seitei na cama e fitava o colchão no chão.
            Por que ela está fazendo isso? 
           
            Quando Bruna saiu do banheiro eu estava sentada de pernas cruzadas olhando-a.
            — Não precisava me esperar para dormir.
            — Quero conversar. Sobre o que aconteceu.
            — Julia, já está tarde e...
            — Por que você está fugindo do assunto?
            — Não estou fugindo do assunto, só acho que está tarde para ficar conversando...
            — Você não está interessada por mim, é por isso que está fugindo? Está com pena de me dar o fora e fazer isso sem falar nada.
            — Julia, presta atenção. — ela sentou ao meu lado na cama — Não estou fugindo de você.  O que aconteceu hoje foi algo inesperado para mim e me deixou confusa. E é por gostar de você que estou tentando te dar um tempo para pensar, antes de fazermos qualquer coisa. Talvez você ainda não tenha certeza do que está sentindo e está agindo por impulso. Se você pensar com calma pode refletir e pesar se vale a pena continuas com isso. Assim, ninguém se machica, nem você, nem eu.

            — Só vou saber o que realmente é isso, se eu tentar. ? me aproximei de Bruna e acariciei seu rosto. A sensação da pele macia dela foi estranha, mas muito gostosa. Ela também pôs a mão em meu rosto.
            — Tem certeza, Julia? Você não está bêbada né!? Bebeu enquanto eu estava no banheiro? — sua risada fraca era gostosa.
            — Não estou bêbada. Quero fazer isso sóbria. — e comecei beijando-a.

terça-feira, 31 de maio de 2011

Não Gosto dos Meninos

Oláaa!
Não, hoje não tem novo capítulo de Vivendo o Acaso, mas venho com uma curta, porém valiosa, mensagem.
Não Gosto dos Meninos é um curta metragem com direção de André Matarazzo e Gustavo Ferri que retrata algumas opiniões de pessoas assumidamente homossexuais. O curta conta com depoimentos de 40 pessoas e suas histórias de como se descobriram e resolveram "sair do armário". Em meio à tanta discusão do tema pela mídia, com a PL122 - que é a lei que torna crime qualquer tipo de homofobia - e o Kit Gay - dois vídeos com temática educacional sobre o homossexualismo que seriam distribuídos e exibidos nas escolas do país, que foi revogado pela presidente Dilma - essas pessoas se abrem e entram nessa campanha nacional com cabeças erguidas mostrando a nós que eles não tem medo de se mostrar e dizer quem eles são: pessoas iguais a qualquer um.
Vale a pena assistir até o final.  Uma campanha brilhante e que merece ser divulgada!



Espero que gostem tanto quanto eu!
Até mais!

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Capítulo 8

Oláa!
Ok, ok, não apareço por mais de dois meses e venho tão alegre?
Vou dar uma boa explicação: estava desapontada com a história. Não estava curtindo mesmo.
A história tomou um rumo que eu não esperava e fugiu do contexto principal que eu havia imaginado ao começar a escrever. Voltei para analisar toda a história (mais uma vez) e vi várias rachaduras que precisaria fechar mais para frente ao desenvolver a continuação. Enfim, consegui por as ideias em ordem e vou tentar continuar a postar mais frequentemente. A ideia é terminar a história antes do fim do ano.
Será que consigo?

E antes de continuar com mais um capítulo e deixar todos em paz, tenho mais um recadinho. Enfim, como dito antes, o título e possíveis nomes podem ser alterados, assim como o conteúdo da história. Ao postar Vivendo o Acaso em um blog eu esperava por comentários que me ajudassem a escrever não só o que eu esperava de uma história com este gênero, mas também o que as pessoas que não estavam dentro da minha cabeça achariam das experiências não tão comuns da Julia. Como este gênero seria visto aos olhos de outros, pois me preocupava que não fosse muito aceito devido a recorrentes discussões na mídia sobre o assunto. E também, estou escrevendo há muito tempo e já estava perdendo a vontade de escrever, por isso com mais gente me ajudando a escrever talvez eu pudesse concluí-la. Enfim, espero que não se decepcionem com o resto da história. A partir daqui muitas coisas vão acontecer e espero condizer com tudo o que foi escrito aqui. Muito obrigada de novo pela atenção.

Até mais!

8

            O lugar em que entramos era diferente do que eu havia imaginado. As luzes eram fracas no lado do bar e se agitavam conforme chegavam à pista de dança. A casa estava cheia e a maioria das mesas com poltronas alinhadas estavam cheias com pessoas tentando conversar, apesar da música alta. Procuramos uma mesa vazia e pedimos bebidas. Pedi algo leve, uma batida, pois minha experiência com bebidas perto de Bruna foi uma catástrofe.
            Conversamos o máximo que podíamos, mas a música atrapalhava e logo desistimos. Paolo ficou observando a pista para ver se achava alguém interessante, e lógico que em pouco tempo sumiu.
            Por outro lado Gui e Pamela conversavam entre si. Esses dois são uma novela. De vez em quando estavam juntos, e do nada se separam. Acho que um não suporta o outro, mas também não conseguem ficar longe. Não dizem que opostos se atraem? Logo, também foram juntos para a pista dançar.
            Bruna e eu ficamos sobrando. Pelo seu rosto parecia estar curtindo a noite. Estava com esse sorriso de quando se está observando ao redor e pensando, coisas que eu não saberia nem ao menos imaginar. Eu não sabia puxar assunto, e como sempre, foi ela quem começou a conversar.

— Você não parece muito à vontade.
— Pareço?! — disse vendo que não poderia disfarçar.
— Quer dançar um pouco para se distrair? — fez o convite já esperando uma resposta positiva, pois já havia levantado e estendido a mão para mim.
— Dançar? Com você?
— Qual é! Eu não mordo. Só as vezes, quando pedem. — ela riu da minha cara de espanto. — Vamos, é brincadeira. Você nunca foi tímida. — disse com confiança pegando-me pela mão e me puxando, me levantando e conduzindo até a pista de dança. Lá, me soltou, talvez para não me constranger ainda mais.
            A música era agitada, uma música eletrônica, mas com algumas batidas de pop-rock. Bruna não dançava nenhum passo marcado, parecia que deixava a música fluir. Me encorajou a fazer o mesmo depois de me ver meio dura e parada. Olhei ao lado e ninguém parecia nos notar ali. Todos estavam ocupados demais se divertindo. Era muito estranho dançar enquanto não está com uma lata de cerveja na mão, ou no balcão tomando um shot de tequila.
            Enfim, tirei tudo da cabeça e comecei a dançar seguindo Bruna. Observava as pessoas dali: desinibidas, sendo elas mesmas. Talvez tenha sido esse clima de realidade e despreocupação que me acalmou e me fez sentir mais a vontade. Pensando bem, esse é o tipo de lugar que as pessoas podem ser elas mesmas, sem precisar bancar o diretor de uma multinacional, o médico sempre de branco como se fosse um santo, o trabalhador sempre fiel ao horário apesar dos trens lotados. Era um lugar verdadeiro. As pessoas vinham para se divertir e fugir um pouco do mundo “hétero” que impunham para elas.

            Depois do que parecia ter passado 20 minutos dançando a sede nos pegou.
— Vou beber algo. Você quer? — perguntei à Bruna.
— Claro, vou com você.
Fomos ao bar e pedi uma tônica; nada de álcool. Bruna pediu uma cerveja.
— É, parece que seus amigos sumiram. — disse ela encostada no balcão, já bebendo sua cerveja no gargalo da garrafa, observando a pista de dança.
— Ou fugiram da gente, o que está mais provável. Mas Paolo sempre foi assim, ele gosta de ir atrás dos homens. É quase uma piranha mesmo.
Continuei puxando assunto.
— Então, você já sabe tudo sobre mim, o que às vezes parece estranho; — fiz uma pausa para ver a reação dela e, com a indiferença sustentada no olhar dela, continuei — e eu não sei quase nada de você. Não quer me contar um pouco?
— Mas o que quer saber? Minha vida não é muito interessante. — virou-se me encarando, e seus olhos eram penetrantes, e os dentes a amostra desenhavam um riso gostoso.
— Comece falando, vejamos... em que você trabalha?
— Trabalho? Bom, não é um trabalho fixo. — falava de sua vida com uma certa displicência, articulando com a garrafa nas mãos. — Às vezes faço free lance como fotógrafa em buffet; você sabe...festas chatas.
Me mostrei interessada, não era a emoção que imaginava de Bruna; esperava um pouco mais... Motoqueira caçadora de recompensa. Claro que não achava realmente que Bruna fosse algo parecido com minhas fantasias, mas era divertido imaginá-a como fora da lei.
— Sei que não é muito, — ela continuou sem perceber meu breve devaneio — mas dá para pagar as contas com o dinheiro que tiro. E trabalho com o que gosto, que é a fotografia.
— Tinha outras teorias a respeito do seu trabalho... — confessei com uma risada. Ela chegou mais perto de mim, escorregando e se apoiando no balcão.
— Bem, adoraria ouvir sobre suas teorias...

— Bruna?
Um cabelo de várias cores se aproximou enquanto conversávamos, aparentemente reconhecendo Bruna.
— Natasha? — me surpreendendo, Bruna também a havia reconhecido.
— É você mesmo, Bruna! — a garota já estava abraçando Bruna, que se mostrava ao mesmo tempo espantada e alegre. — Te vi de longe e pensei que te conhecia, e estava certa! O que faz aqui? Está acompanhada?  — se vira e me nota ali. — Olá! — disse a mim empolgada.
— Natasha, — interveio Bruna — essa é Julia, uma colega da faculdade. Julia, — ela parecia vacilante — essa é Natasha, é minha...
— Ex-namorada. Namoramos pouco tempo, não deu muito certo. Parece que somos melhores como amigas do que como amantes não é mesmo? — Natasha atropelava as palavras.
— Mais ou menos isso. — Bruna parecia estar muito desconcertada com aquela situação. Mandou um olhar de desculpas, mas eu disse que não tinha problemas. E por quê teria?
— Mas como você está Bruna? Ainda fazendo faculdade então? Mas antes de responder você vem comigo, se a Julia deixar é claro. Tem um povinho que você conhece ali naquela mesa. A Tati e a Gabi estão ali e não acreditaram que era você. — Natasha estava radiante.
— A Tati e a Gabi? Nossa, quanto tempo que não as vejo. Vem Julia, vou te apresentar à umas amigas.
— C-claro, claro. — me puxou dando tempo somente para pegar nossas bebidas.
Na mesa estavam sentadas cinco garotas. Todas muito bonitas. Parecem que todas estavam em casal. Quando Bruna se aproximou duas se levantaram e a abraçaram.
— Gabi! Quanto tempo! Como você está? E Tati! Nossa, está linda.
— E olhe para você. Mas quanto tempo mesmo, desde quando? Desde que você e a Tasha se separaram. Vai fazer um ano?
— Na verdade já faz um ano e dois meses, Tati. Mas quem é que está contando? — disse Natasha rindo de orelha a orelha.

Todas estavam se divertindo matando a saudade. A Gabi tinha cabelos pretos longos bem escovados que iam até a cintura. A maquiagem a deixava muito bonita. E o vestido preto tomara que caia ainda mais. Já Tati era bem mais alta que Bruna e tinha um corpo grande e seu rosto um pouco redondo, mas ainda sim com sua beleza.
— Desculpem, deixe-me apresentar a Julia. Ela é uma colega da faculdade. Julia, essas são umas velhas amigas, essas são Tatiana e Gabriele. Nos conhecemos há muito tempo em um bar, onde também conheci a Tasha.
— Prazer. — disse meio sem jeito.
— Então, são amigas...? — perguntou Gabi a mim.
— Ah, sim! — respondi meio sem jeito, talvez depressa demais. — Nos conhecemos na faculdade há pouco tempo.
— Na verdade não nos conhecemos na faculdade, mas isso é outra história.
— Mas somos só amigas. — completei rápido para deixar claro e todas riram de meu desconforto.
Bruna sentou-se em uma cadeira vazia e começou a conversar com as amigas. Fiquei observando um pouco, em pé. Bruna estava muito feliz. Estavam conversando do tempo em que saíam todas juntas em casais, a Bruna junto de Tasha.
— Bruna, vou ao banheiro. Volto já. — disse a ela.
— Ok. — sua resposta era seca, pois estava muito interessada no que Gabi estava falando.
O banheiro era unissex e estava cheio. Tanto homens quanto mulheres esperavam sua vez de usar os reservados formando um fila que já ultrapassava a porta. Evitei de olhar os casais ali na fila, se beijando e passando a mão. Desviei da fila e fui ao lavatório. Molhei as mãos e o rosto pois estava molhado de suor. Olhei-me no espelho, e a garota que vi parecia aflita, e se parecia muito comigo, mas era diferente, de um jeito que eu nunca havia visto. Tentando ignorar o que via saí dali.
A passagem para fora do banheiro estava um pouco abarrotada e com algum esforço consegui sair. Tive que procurar a mesa delas. Encontrei-as a umas três mesas dali, mas não saí do lugar. A conversa que elas estavam tendo eu não queria escutar ou olhar; as mãos de Gabi estavam nas pernas de Bruna.
Um pouco desnorteada e sem pensar direito saí em procura de meus amigos, mas não consegui encontrar nenhum em nossa mesa que já estava sendo ocupada por outro grupo. Resolvi sair da casa.
Paguei minha conta apressada quase esquecendo o troco. Quando abro a porta, a chuva bate em meu rosto. Tentando me proteger da chuva com a minha bolsa, olho em busca de um táxi. Mas a rua estava cheia do trânsito. Mesmo com o semáforo aberto os carros não conseguiam passar. Fiquei um tempo ali medindo se valia a pena entrar novamente, mas não saberia inventar uma boa história para contar. Então me mantive ali, esperando que algum táxi passasse e que estivesse vazio.
Com a chuva e o frio que me dava, o tempo parecia ser longo. Algumas pessoas que saíam da balada olhavam, mas continuavam seu caminho. E foi uma delas que chamou meu nome.
— Julia! Julia, o que está fazendo? Aonde está indo?
Era Bruna, claro.
— Não sei. Não sei. Só quero ir embora.
— Mas ir embora por quê? — ela já estava tão molhada quanto eu.
— Não gostei daqui. Só isso.
— Mas precisa fugir desse jeito? Era só dizer que a gente ia embora.
— Acho que você não ia querer ir embora. Estava muito bem acompanhada.
— O que? Do que você está falando?
— Qual é? Aquela Gabi estava se insinuando toda.
— A Gabi é uma amiga. Nunca foi nada mais do que isso. E mesmo se ela quisesse, eu não quero nada com ela.
— Não quero saber. A vida é sua. Não tenho nada a ver com isso.
— Mas então por que se importa? Por que estava fugindo de mim se você não se importa com a minha vida? — ela procurou a resposta em meus olhos, mas nem mesmo eu sabia a responder.
— Eu não sei. Isso é novo para mim. Não sei. Eu vou embora daqui.
Corri para a rua, queria tentar atravessar para fugir dela. Quando ia passar pelo primeiro carro o trânsito foi liberado e o motorista de um ônibus não me viu. Quando ele me avistou já era tarde demais. Vi o farol dele chegando...
Aalgo me puxou para trás e me protegeu. Bruna me tirara da rua e me levou a salvo para a calçada.

— Pelo amor de Deus Julia! Você está bem? — Bruna perguntou aflita olhando de meu rosto para meus braços e pernas procurando alguma ferida.
— S-im, sim. — minhas palavras saíram fracas.
— Essa foi por pouco. Por favor, não tente mais fugir está bem?
Fiquei atônita, sentada na calçada, com Bruna me segurando. Não consegui me mexer. Olhava para a garota que acabara de me salvar, toda ensopada e olhando aflita para mim.
— Você está certa. Não posso mais fugir. Bruna, eu saí correndo pois não consegui ver você e aquela lá juntas. Não percebi que fugi por estar com ciúmes.
— O que você está dizendo? Por um acaso você bateu a cabeça? — apesar do riso forçado, ela pareceu muito preocupada e olhava de meus olhos para minha cabeça procurando por ferimentos.
— Bruna e-u...
Antes que ela pudesse falar qualquer coisa sobre batida de cabeça novamente, a beijei.
O toque de seus lábios era delicado e quente. Desta vez não houve hesitação, segurei seu rosto e ela me correspondeu. Ficamos ali naquela chuva até onde o fôlego agüentou. Eu ainda estava com os olhos fechados quando ela falou.
— Realmente não sei o que dizer. Ei, — sua voz era doce e carinhosa — olhe para mim. Está tudo bem?
Abri meus olhos e quando olhei para seu rosto, vi algo novo. Seu olhar era terno e me fitava com atenção.
— Vamos sair dessa chuva? — ela disse com delicadeza me pegando pelo braço e me levantando devagar.
Logo veio o constrangimento: muitas pessoas estavam nos olhando. Baixei meu rosto e acompanhei Bruna até a marquise do prédio. E lá ela nada mais falou. Procurou o cigarro nos bolsos da calça jeans e acendeu um tragando e observando a rua. Os carros estavam começando a andar, pois a chuva também estava parando. Depois de um tempo assim, após terminar seu cigarro, ela se virou para mim. Sua feição não havia mudado, terna e doce. E para minha surpresa falou:
— Vamos. Vou te deixar em casa.

terça-feira, 8 de março de 2011

Capítulo 7

Oláaa!!
Novamente vou começar o post com desculpas. -_-'
Estou um pouco ocupada com minhas atividades, e sei que não é desculpa para deixar a história de lado, mas realmente essas minha atividades estão me tomando um tempo enorme. Estou cursando o último ano da faculdade agora, ou seja, estou fazendo meu tcc, o que ainda vai me deixar louca. Além das aulas de desenho e a academia, eu ainda trabalho em um escritório de arquitetura. Ou seja, acabo não tendo tempo para nada e meu final de semana fica reservado para descansar e curtir um pouco o namorado, pq ninguém é de ferro né?! xD
Bom, sem mais desculpas aqui vai o capítulo 7!
Até mais!


7

         Como esperado o dia passou exageradamente devagar. A última prova seria de história, então tive que roubar um pouco do tempo do trabalho para estudar.
            Na faculdade todos já estavam na sala estudando para a mais temida prova, só perde talvez para a de cálculo. Não consegui mais estudar. Já tinha me forçado a estudar no trabalho e ficava cada vez mais perto do fim da noite, o que aumentava minha ansiedade.
            No meio da prova me pegava olhando a cada 5 minutos para o corredor, mas estava muito cedo, sabia que ela não ia estar esperando já. Com muito esforço consegui me concentrar e fazer uma boa prova. Só quando entreguei a prova é que notei que mais da metade da sala já havia terminado de fazer e já tinha saído da sala. Sem fazer muito barulho arrumei meu material tentando prolongar ao máximo, mas não demorei muito e tive que sair e ver se alguém estava me esperando.
            Abri a porta e olhei para os lados, mas não encontrei ninguém. O corredor estava praticamente vazio, exceto por umas duas pessoas conversando, provavelmente, sobre a prova.
             Vou esperar mais um pouco, o tempo de prova ainda não terminou.
            Paolo e os outros já estavam lá embaixo me esperando e avisei que iria esperá-la. Só tem 30 minutos até o término da prova, será que ela ainda não terminou? 
            Não demorou muito para ela aparecer subindo a rampa, usando regata preta e calça jeans. Seu cabelo continuava bagunçado.
– Desculpe a demora. Fui comer algo antes de irmos e acabei encontrando um pessoal da sala. Sabe como é fim de prova, todos comentando...
– Ah, não tem problema. E, decidiu que vai então?
– Ah sim. Mas não trouxe ninguém, todos da sala já estavam marcando outro tipo de comemoração.
– E você não vai nessa comemoração? É o pessoal da sua sala, eu entendo se preferir ir com eles.
– Ah, não esquenta Julia. Vamos andando para não deixar seus amigos esperando.
– Tá! – me assustei com a confiança de Bruna – Eles estão lá embaixo.
Começamos a descer a rampa.
–E como foi a prova de hoje?
– Até que foi boa, foi prova de história. Me atrapalhei um pouco nas questões dissertativas sobre os arquitetos modernos e chutei a maioria das alternativas. Mas tenho certeza que me dei bem na questão sobre o Oscar Niemeyer... Opa, estou falando demais né!?
Ela riu um pouco.
– Não se preocupe. Deve ser estressante uma prova de.. história da arquitetura? Estou certa? — seu sorriso era de um adulto falando com uma criança.
– Ah sim. Ainda bem que tudo passou. Ah! Ali estão eles.
Paolo, Gui e Pamela estavam sentados em um banco próximo a saída do estacionamento.
– Ai, até que enfim, Julia! Mas que demora. — disse Paolo inquieto.
– Desculpem, a culpa é minha. Eu me atrasei. — Bruna interveio antes de eu falar qualquer coisa. Todos voltaram-se para ela e logo para mim novamente.
– Pessoal, essa é Bruna. Ela faz Fotografia e a convidei para ir com a gente.
– Ah, sim. Já ouvi falar de você... ou melhor, já te vi por aí. — disse Gui logo se arrependendo de seu comentário.
– Bruna, esses são Paolo, Gui e Pamela, são da minha turma.
– Ah! Prazer.
            Depois das apresentações um clima estranho e silencioso pairou sobre nós.
– Então, vamos indo?
– Claro, claro. A balada nos espera! — disse Paolo voltando à realidade e dando as costas a mim, mas sem antes me lançar um olhar e um risinho zombeteiro. Ignorei é claro.
– Julia, você vai com o seu carro? — perguntou Gui quando me desviei no estacionamento.
– Acho melhor não?
– Estamos em cinco. Não é melhor ir em um carro só? É mais fácil achar lugar para parar. Depois eu trago todos aqui já que o carros de vocês estarão aqui. Tudo bem por você, Bruna?
– Por mim pode ser.
– Claro, claro. — concordei meio sem jeito.
Entramos no carro do pai do Gui. Era um Honda Civic prata. É bem espaçoso e todos se acomodaram muito bem apesar da lotação. Gui foi dirigindo e Paolo foi na frente. As mulheres foram atrás e Bruna ficou no meio. Foi um pouco estranho o contato físico depois de tudo o que aconteceu.
– A Julia está um pouco diferente hoje, vocês não acham? — Paolo mal entrou no carro e já começou a mexer comigo.
– Não estou diferente não. – me apressei a me defender – Impressão sua. E além do mais, acabamos de sair de uma prova difícil e esgotei meus neurônios todos. Me dêem um desconto.
– Não acho que seja por causa da prova. – ele continuou sem dar a mínima para o que eu disse –  Enfim, Bruna, ela não é assim, deve estar sem graça por você estar aqui. Ela é tímida com pessoas novas. Não é mesmo, Julia?
– Não sei se ela é tímida, mas quando nos conhecemos ela não foi muito tímida. Ao contrário, foi logo tirando as roupas. – disse Bruna achando graça.
Todos olharam surpresos, tanto para mim quanto para ela. E ela se divertiu com a expressão de todos.
– Nós jogamos strip poker na noite em que nos conhecemos, estávamos em uma festa. Julia, pensei que você havia contado a eles.
– A-ah, acho que acabei me esquecendo.
– É, a Julia sempre se esquece de contar as partes mais interessantes — Pamela falou pela primeira vez desde que entrou no carro. Estava fitando Bruna e até analisando ela. E depois deu uma piscada para mim como se aprovasse e segurou o riso. Virei meus olhos. Ainda bem que Bruna não percebeu, ou se percebeu não deixou transparecer.
A conversa rolou durante o caminho, os meninos fizeram perguntas sobre o curso de Bruna e sobre as provas. Fiquei quieta só ouvindo.
– Gente, vê se alguém acha uma vaga, está tudo cheio. — Gui interrompeu.
– Acabou de passar uma. – Paolo falou rapidamente – Acho que ainda dá para voltar, não tem carro vindo.
Gui voltou e conseguiu estacionar. A balada ficava na mesma quadra e logo estávamos na porta. Foi quando chegamos na frente que congelei. Olhei para o outdoor da casa e vi o nome.
– Paolo, você pode vir aqui um pouquinho? — sem entender muito Paolo chegou mais perto de mim — Seu viadinho de merda, por que não me falou que era uma balada GLS?
–E eu precisava? Todos sabem muito bem que eu só vou em baladas GLS. É mais fácil pegar os bofes. Achei muito engraçado por a Bruna ter vindo junto. Não pensei que você era tão rápida.
– E agora? O que vou fazer? O clima entre nós duas já está estranho por tudo o que aconteceu, e você ainda me apronta uma dessas?
– Ai filha, como eu vou saber? Até porque você ainda não falou o que aconteceu entre vocês.
– Ai, esquece, vou embora.
– Não! Se você for agora vai ser muito estranho não acha? Ela vai entender que você não sabia. E acho que ela até prefira mais, não acha?
– Tá, vou ficar. Mas você me paga Paolo, ouviu?
– Ui, que medo! Vamos entrar logo.
Voltei para o grupo que já estava no cachê para comprar a entrada e fingi que não aconteceu nada. E espero que não aconteça nada mesmo.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Capítulo 6

Oláaa!!
Ai, ai, devo desculpas pela demora deste post.
Comecei a escrever esta história por não poder deixar ela tomar conta de mim. Bom, essa semana não deu para segurar muito, por isso o atraso. Desculpem, vou tentar não deixar mais isso acontecer. ^^'
Sem mais delongas... o capítulo 6!
Boa leitura e até breve!


6

            Acordei com o despertador – maldita máquina pontual. Senti meus olhos secos e ardidos. Acho que chorei até cair no sono. Lembrei o porque de chorar, lembrei de ter entrado em casa correndo procurando abrigo no escuro do meu quarto. Mas porque me importei tanto por aquilo? É claro que não gostei de ser enganada desse jeito. Mas será que teria sido igual se fosse com outra pessoa, se a situação fosse outra? É claro que sim. Não gosto de ser enganada, pronto.
            Preciso de um banho.

            Depois do banho corri para tomar meu café-da-manhã. Acabei me demorando demais para me trocar e já estava ficando atrasada. Desci para a garagem.
            Droga! Esqueci que não vim de carro.
            Ouvi um barulho de motor ligado.
            Conheço esse som.

– O que você está fazendo aqui? – Bruna estava encostada em sua moto preta com o motor roncando olhando para o portão.
– Seu carro ficou no estacionamento da faculdade não é!? Você precisa de uma carona. – me assustei vendo-a aqui e a essa hora da manhã ­– Estou desde as seis da manhã. Não sabia a que horas você saía. Até que não precisei esperar muito. Não sabia se você trabalhava, pelo menos não me parece que precisa.
-Não acredito. Você ainda vem falar da forma como vivo? Não preciso de carona ok?! Posso muito bem pegar um táxi ou até transporte público. Perdeu seu tempo.
Saí andando me distanciando dela.
–Julia! – me seguiu enquanto eu andava – Me desculpe, não quis dizer isso. – esperou, mas como viu que eu não ia responder nada continuou – Não seja orgulhosa. Eu sei que você quer a carona. Por favor, me deixe retribuir pelo erro que cometi. Por favor? Eu realmente me sinto em dívida com você. Olha, me desculpa. Eu sei que não deveria ter feito aquilo.
– E por que fez? – parei e a encarei pegando-a de surpresa.
– Por que sou uma idiota que não perde a oportunidade de ser mais idiota, tá legal!?
– E por que você se importa agora? Você nem me conhece.
– Mais do que imagina.
      Voltei a andar, não acreditava no que ouvia. Ela ia mesmo continuar com o joguinho? – Não me venha com essa, você já me provou que não houve nada.
– Por favor, Julia, me desculpe ok!? – seu rosto mudou para uma expressão de leve súplica, já estava ao meu lado no meio do quarteirão – Não falarei nada durante o caminho. Pare de se fazer de rebelde e sobe na moto, vai. Por favor. – deu uma pausa me vendo lutar comigo mesma silenciosamente – Pelo menos vai economizar alguma grana. – parei por um tempo pensando, ela ao meu lado esperando com uma cara de criança em loja de brinquedo pedindo a nova boneca aos pais.
– Vou aceitar a carona só porque não sei que ônibus pegar daqui. Me deixa na faculdade  para eu poder meu carro. Mas depois disso não quero mais saber de você, ok?
- Como quiser. – era óbvio que estava triunfando por baixo da máscara de contenção que cobria seu rosto. Ela me ofereceu um capacete, aceitei com relutância fazendo questão de mostrar isso encarando ela e fazendo uma careta de desdém. Subi na moto logo depois dela.

Os primeiros dez minutos passaram em total silêncio.
– Dormiu bem essa noite?
– Você não ia falar nada, lembra?
– Ta legal, ta legal. Desculpe.
Mas não se passariam nem dois minutos.
- Estou realmente arrependida pelo que fiz. Gostaria que soubesse disso.
-Que bom.
      Ela silenciou novamente.
– A história que me contou, é verdade? A do poker?
– Sim. Tudo verdade.
– E falta alguma coisa para me contar?
      Ela pareceu vacilar.
– Não, isso é tudo.
            Muito estranho. Parecia que ia falar mais alguma coisa.
– Não está me escondendo nada?
– Não, o que mais poderia te dizer? – riu meio sem graça – E aí, ainda vai fingir que não me conhece no corredor? Ou tem mais perguntas para me fazer antes de me considerar gente?
– Perguntas sempre terei. Mas ainda preciso pensar no seu caso quanto a te conhecer. – falei num tom sério.
Ela parou a moto em frente à universidade.
– Já pensou no meu caso?
– Já. – enrolei um pouco para responder vendo a inquietude dela. – Prazer, meu nome é Julia.
– Prazer, Bruna. – respondeu com um enorme sorriso no rosto.
– Bom, te vejo por aí pela universidade, certo? Realmente preciso ir trabalhar, senão o careca, ou melhor, meu chefe vai me matar, e claro que depois ele me ressuscita para terminar o pedido para os fornecedores. – nunca fui muito boa para piadas.
      Não dei muito tempo para despedida, saí andando, fugindo daquela cena quase constrangedora.

            No resto dessa semana e na semana seguinte, só vi Bruna passando pelos corredores. Não havia muito o que conversar, então basicamente acenávamos uma para outra e cada uma seguia seu rumo. Isso era constrangedor.
            Também, não foi um começo de amizade muito bom não é mesmo!?
      Ah, e a menina loirinha, Vanessa acho... nunca mais a vi. Não que eu me importe, claro.

      As provas semestrais começaram. É o tormento para todos os estudantes. Principalmente para aqueles que precisam de nota. Isso inclui eu.
– Nossa, não vejo a hora de acabar essas malditas provas! Estudar cansa! – disse Paolo enquanto estudávamos antes da prova de cálculo.
– Nem me fale! Ainda bem que amanhã é a última prova.
– Sabe o que vamos precisar depois de amanhã? Comemoração! Minhas notas estão ótimas e preciso sair para comemorar. Vamos marcar balada na sexta?
– Qual?
– É uma nova que quero conhecer. Disseram que é muito boa. – respondeu muito entusiasmado.
– E onde fica?
– É perto da sua casa. Ah, deixa de ser chata e vamos vai.
– Tá, mas quem mais vai?
– Vamos chamar só o Gui e a Pamela. – se inclinou e continuou falando baixo só para eu ouvir – Não vou muito com a cara da Amanda.
– Acho que pode ser vai. Faz um tempo que não saio mesmo para dançar.
– Faz um tempo tipo...uma semana né!?
– Ah, realmente faz um tempo não acha? – rimos disso. – Agora vamos voltar a estudar senão não vou poder sair amanhã.

      Cheguei em casa exausta por causa da prova de cálculo. O pior é que fui péssima. Com certeza vou tirar nota baixa. Me atirei na cama com preguiça de ir tomar banho, mas depois de muita relutância consegui criar coragem de ir para o chuveiro.
      Algo me veio enquanto estava no banheiro. Eu poderia chamar a Bruna. Mas será que não vai ficar muito em cima da hora chamar só amanhã na faculdade?

– Espera! Eu tenho o telefone dela. – falei comigo mesma, me assustando com a quebra de silêncio repentino.
      Vesti meu roupão e saí do banheiro em busca daquele pedaço de papel que tirei da minha bolsa daquela segunda feira que conheci Bruna. Eu tinha jogado fora. Será que alguém levou o lixo do meu quarto? Era quase certo que sim, embora havia algum tempo que minha mãe não entrava no meu quarto.
      No cesto de lixo haviam muitos papéis. E foi em um dos primeiros que achei o papel com o nome dela e um número de telefone celular embaixo. Consultei o relógio. Claro que já era muito tarde para ligar para ela. Seria falta de educação. E se eu a acordasse? Não, vou esperar para amanhã. Amanhã no serviço eu ligo para ela.
      Guardei o papel na carteira e marquei o número na memória do meu celular. Vesti minha camisola branca que tanto gostava e deitei na cama, acomodando o travesseiro e o edredon.
     
      Passados alguns minutos, ainda não tinha dormido. De uma hora para outra fiquei ansiosa. Não vou conseguir dormir enquanto não ligar para ela.
      Olhei no relógio novamente – 11H30. Acho que não vou acordá-la, ela também deve ter tido prova. Levantei da cama sentindo o ar frio noturno batendo na pele que não estava coberta pela camisola. Peguei meu celular e disquei, sem pensar, para o número de Bruna.
      Somente quando a garota atendeu é que pensei que não sabia como convidar. Desliguei quando ouvi a voz dela.
      Ao menos não estava com voz de sono. Ok, vamos de novo. Dessa vez encare.

–Alô? – a voz de Bruna não era muito diferente no telefone.
– Bruna?
– É ela. Quem está falando?
– Oi, é a Julia. Você me deixou seu telefone. Lembra?
– Ah, oi, Julia. Lembro, mas não pensei que você o usaria. E aí, tudo bem?
– A-h, tudo bem. – quase gaguejo – E como estão indo as provas?
– Só tenho duas provas na verdade. Só prova de teoria, matérias práticas tem prova. E as suas?
– Também só tenho prova de teoria, mas esse ano a maioria é teoria. Amanhã farei a última. E na verdade foi por isso que liguei. Amanhã por ser a última prova estamos pensando em sair para comemorar. Vamos a uma baladinha aqui para estes lados. Pensei se você não gostaria de ir com a gente.
– A-h, nossa. Me pegou de surpresa.
– Ah, desculpe se está muito em cima da hora... – fiquei sem jeito, quase desligo.
– Não, não é isso. – ela acrescentou depressa – Então, realmente para amanhã não tenho nada marcado. Mas acho que não conheço ninguém da sua turma...
– Você pode levar quem você quiser. Acho que vamos em dois carros de qualquer forma.
– Hm. – pareceu que Bruna estava pensando no assunto.
– É claro que não precisa responder agora. Vamos fazer o seguinte: se quiser ir me encontra na frente da minha sala depois da sua prova. Você e quem você quiser levar, é claro.
– Tudo bem, pode ser assim.
– Então, tá.
– Boa noite, Julia. Até amanhã
– Bo-a no-ite.

      Até amanhã? Então ela está pensando seriamente em ir?
      Voltei para cama inconscientemente, muda.
      Percebi que a ansiosidade não havia passado, somente aumentado. E essa noite e o dia de amanhã seriam longos, esperando pela figura de Bruna aparecer na porta da sala.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Amnésia Alcóolica, fato ou mito?

Oláa!
Não, hoje não é dia de postar um capítulo, infelizmente. Mas achei esse artigo muito interessante da escritora e blogueira Diedra Roiz que gostaria de dividir com vocês. Para quem não sabe a Diedra tem um livro publicado pela editora Malagueta com o gênero lésbico. Ela também é colunista do portal Parada Lésbica e publica outras histórias do gênero em seu próprio blog: Diedra Roiz 
Algumas pessoas que leram a minha história já me disseram: "Mas a Julia não esqueceu mesmo, né?! Esse negócio de esquecer o que aconteceu é mito, o pessoal inventa pra não ter que responder pelos atos enquanto estão bêbados". Bom, eu realmente não teria como saber, pois nunca tomei um porre. xD
Mas o artigo da Diedra fala justamento sobre a amnésia alcóolica.  E realmente existe! A pessoa bebe todas, conversa e interage com todo mundo e quando acorda não sabe onde está.. ou com quem passou a noite passada.
A Julia sabe muito bem disso, e acreditem, já está até acostumada.
Para ler o artigo da Diedra na íntegra, esse é o link: Noite Passada?
E para quem quiser saber um pouco mais como é a amnésia alcóolica, e quem tem mais chances de acordar na cama de algum desconhecido, este é o link: Anti Drogas 
Cuidado mocinhas com quem andas e o que bebes. ;)
Até breve!

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Capítulo 5

Oláa!
Antes de postar mais um capítulo, queria primeiro agradecer aos comentários que deixaram por aqui. Não saberia descrever como fico feliz por lê-los. Não tem como não ficar motivada a continuar trazendo os capítulos e sempre tentar melhorar para agradar os poucos, mas bons leitores.
Queria agradecer principalmente a Luna-chan lá do blog Além da Luna pelo review de Vivendo o Acaso. Adorei o carinho. Muito obrigada mesmo, de coração.
Estarei trazendo novidades em breve e, prometo, que da próxima melhoro o preço do impresso. xD

Enquanto isso, sem mais delongas, aí está o capítulo 5!
Boa leitura e até logo!


5

– Grandes amigos você tem hein!? Te deixam sozinha neste estado. Será que vou sempre ter que te salvar das suas enrascadas?
– Você de novo? Me larga! Não preciso da sua ajuda. – ela estava me levantando da mesa onde estava praticamente jogada.
– Ah, claro. Como também não precisava na festa de domingo né!?
– Você quer repetir aquela noite? Vai aproveitar que estou bêbada para me levar para cama de novo? Olha amiga, – me virei para a acompanhante dela – cuidado hein!? Ela pega várias por aqui. É só vacilar um pouco...
– Não, hoje não vou te levar para a cama não. Desculpe te decepcionar. Mas se você quiser que te leve para a sua casa, eu te levo. Você não deveria dirigir nesse estado e seus amigos te largaram aqui. Quer que eu te leve? – disse Bruna que estava praticamente me carregando para fora do bar.
            A acompanhante dela deu uma leve balançada de cabeça pedindo para que Bruna não fizesse isso. Mas Bruna não deu atenção, estava me segurando enquanto eu vomitava no chão.
– Não tem outro jeito. Vou te levar para casa.
– Não, não precisa. Estou em plenas condições para dirigir... – Nesse exato momento mais vômito vinha.
– Nêssa, – aparentemente elas já eram íntimas – você pode ligar para sua irmã te pegar né!? Vou levá-la de moto. Já está tarde e não teria ônibus de volta para mim.
-Tudo bem. Acho que ela não se importa em vir me buscar. – a menina loirinha de corpo miúdo estava com uma cara fechada. Algo me dizia que essa aí não perdoaria Bruna.
– Espera aí! Moto? Não, não, não. Não vou andar numa coisa dessas.
-Você não tem muita escolha sabia? Agora vem. – Bruna me ajudou a andar me conduzindo pela rua. Sua moto estava parada na esquina, a alguns metros dali.

Nunca entendi muito bem de moto, mas essa era muito linda. E grande.
-Venha, suba. – completamente tonta quase caí quando tentei subir, mas Bruna estava lá para me segurar. – Pronto. Agora segure em mim ok!? Não solte. – abracei-a por trás recostando meu rosto em suas costas, na jaqueta de couro preta. Seu corpo de curvas perfeitas era pequeno. Entrelacei minhas mãos no abdômen dela. Segurança foi o que me veio em mente.
A moto se pôs a andar, devagar.
– E o capacete? – perguntei meio preocupada.
- Se você vomitar no meio do caminho não vai ser muito agradável se estiver de capacete. E sem falar que é mais fácil de te ouvir sem eles. Então, onde você mora?
– Ah tá. – parecia que ela estava sempre pensando em tudo – Moro na zona oeste. – respondi meio sem jeito – Vou mostrando o caminho.
– Tem certeza que vai conseguir essa proeza? Se segurar e mostrar o caminho ao mesmo tempo? – falava num tom de divertimento.
– Ahan... já estou melhorando. Me recupero rápido sabia?!
-Sei. – isso era um tom de sarcasmo?

– Diga-me – começou ela depois de algum tempo de silêncio – quantos dias por semana você consegue se manter sóbria?
– Muito menos nessa semana. – respondi categoricamente.
– E por que tanto bebe?
– Porque sou feliz! – gritei esticando meus braços com muito mais impulso do que esperava. Quase caí para trás, mas antes consegui me segurar novamente em Bruna.
– Estou vendo. Num dia desses essa felicidade te mata. – não sei se falou para eu ouvir ou não, pois o tom era muito baixo misturado com o ronco do motor.
Mais alguns minutos passaram e só eu falava, quando era para mostrar o caminho.

– Então, quantos anos você tem? Não parece ser muito mais velha que eu. – perguntei para quebrar o silêncio.
– Faço 24, mês que vem.
– Ah. Tenho 20.
– Eu sei. – disse numa voz de indiferença.

Mais algum tempo passou sem que nenhuma dissesse nada.

– Então, você faz faculdade do que? – não aguentei o silêncio.
– Fotografia. – respondeu mostrando indiferença.
– Uau! Diferente. – era algo que não tinha imaginado – Faço arquitetura.
– É, eu sei.
– Você sabe tudo sobre mim? – perguntei meio assustada.
– Fui à sua sala não lembra? Tinha uma placa na porta indicando que curso era.
– Hmm. Isso explica.  E que moto é essa? – desviei um pouco o assunto – É grande. Bonita. Preta. – dei uma risada baixa.
– É uma Harley Davidson. Modelo Fat Boy. – o mesmo tom de indiferença. Será que minha companhia é tão ruim assim? Cadê aquele jeito descolado e que gostava de me perturbar. Tem algo estranho...
– Bacana.
– Qual o número da sua casa? É essa a rua né?!
                  Mas já chegamos? – pensei.
– Casa 595.
Realmente a viagem não demorou muito. Logo a moto negra parou próxima ao meio fio e eu desci cambaleante para a calçada.
            O bairro Villa Lobos é um típico bairro de classe média-alta da cidade. As ruas eram mais retas e sempre monótonas. Naquela hora mais ainda, pois já eram duas da manhã.
– Então, a gente se vê na faculdade? – perguntei meio sem graça com a situação de despedida.
- Então agora você quer me ver? E aquela história de que se encontrasse no corredor fingir que não te conhe... - O que estou fazendo? O que me deu para beijá-la?
Foi um beijo com urgência, amanado pela outra garota.
E agora o que houve?
– Julia. Para. Para, Julia. Melhor não. Você está bêbada. Não vai querer se arrepender de nada não é mesmo?!
– Mas de acordo com o que você disse, já fui além de um beijo não é!?
– Julia, você tem que aprender a não ouvir pessoas desconhecidas. – ela estava estranha, olhava para baixo desconcertada e vacilante – Não aconteceu nada naquela noite. – encarei-a confusa procurando explicação em seus olhos.
– Escuta, –ela sustentou meu olhar incrédulo que dividia em raiva e frustação – nós estávamos na mesma festa, aquela na casa do Freddie. Uns amigos queriam sair de lá, estava muito ruim. O Rubens estava te acompanhando ­– ou você estava acompanhando ele, não sei – e te levou junto ao meu apartamento. Nós bebemos muito, estávamos jogando strip poker – as apostas eram nossas peças de roupas ­– e você acabou dormindo depois do jogo. É claro que eles não iam te levar para casa. Ou melhor, eu não deixei te levarem. Estavam muito bêbados e era perigoso demais. Então disse que você poderia passar a noite lá. Desculpe, não resisti fazer a brincadeira, e sei que não foi certo. Só queria ter te contado quando estava sóbria.

            Já estava andando, me afastando da moto, atordoada pela revelação, da brincadeira de mau gosto.
– Desculpe, Julia. – ela correi tentando me segurar pelo braço, mas não deixei e continuei me afastando dela.  Sinto muito mesmo.
– Não diga mais nada. – quase gritei, em explosão – Estou feliz que não aconteceu nada. Assim não fico mais com peso na consciência pelo erro que cometi. – reforcei bem a palavra para que ela entendesse o recado. Continuei andando até encontrar a porta de casa. A essa altura as lágrimas já corriam pelo rosto.