domingo, 20 de fevereiro de 2011

Capítulo 6

Oláaa!!
Ai, ai, devo desculpas pela demora deste post.
Comecei a escrever esta história por não poder deixar ela tomar conta de mim. Bom, essa semana não deu para segurar muito, por isso o atraso. Desculpem, vou tentar não deixar mais isso acontecer. ^^'
Sem mais delongas... o capítulo 6!
Boa leitura e até breve!


6

            Acordei com o despertador – maldita máquina pontual. Senti meus olhos secos e ardidos. Acho que chorei até cair no sono. Lembrei o porque de chorar, lembrei de ter entrado em casa correndo procurando abrigo no escuro do meu quarto. Mas porque me importei tanto por aquilo? É claro que não gostei de ser enganada desse jeito. Mas será que teria sido igual se fosse com outra pessoa, se a situação fosse outra? É claro que sim. Não gosto de ser enganada, pronto.
            Preciso de um banho.

            Depois do banho corri para tomar meu café-da-manhã. Acabei me demorando demais para me trocar e já estava ficando atrasada. Desci para a garagem.
            Droga! Esqueci que não vim de carro.
            Ouvi um barulho de motor ligado.
            Conheço esse som.

– O que você está fazendo aqui? – Bruna estava encostada em sua moto preta com o motor roncando olhando para o portão.
– Seu carro ficou no estacionamento da faculdade não é!? Você precisa de uma carona. – me assustei vendo-a aqui e a essa hora da manhã ­– Estou desde as seis da manhã. Não sabia a que horas você saía. Até que não precisei esperar muito. Não sabia se você trabalhava, pelo menos não me parece que precisa.
-Não acredito. Você ainda vem falar da forma como vivo? Não preciso de carona ok?! Posso muito bem pegar um táxi ou até transporte público. Perdeu seu tempo.
Saí andando me distanciando dela.
–Julia! – me seguiu enquanto eu andava – Me desculpe, não quis dizer isso. – esperou, mas como viu que eu não ia responder nada continuou – Não seja orgulhosa. Eu sei que você quer a carona. Por favor, me deixe retribuir pelo erro que cometi. Por favor? Eu realmente me sinto em dívida com você. Olha, me desculpa. Eu sei que não deveria ter feito aquilo.
– E por que fez? – parei e a encarei pegando-a de surpresa.
– Por que sou uma idiota que não perde a oportunidade de ser mais idiota, tá legal!?
– E por que você se importa agora? Você nem me conhece.
– Mais do que imagina.
      Voltei a andar, não acreditava no que ouvia. Ela ia mesmo continuar com o joguinho? – Não me venha com essa, você já me provou que não houve nada.
– Por favor, Julia, me desculpe ok!? – seu rosto mudou para uma expressão de leve súplica, já estava ao meu lado no meio do quarteirão – Não falarei nada durante o caminho. Pare de se fazer de rebelde e sobe na moto, vai. Por favor. – deu uma pausa me vendo lutar comigo mesma silenciosamente – Pelo menos vai economizar alguma grana. – parei por um tempo pensando, ela ao meu lado esperando com uma cara de criança em loja de brinquedo pedindo a nova boneca aos pais.
– Vou aceitar a carona só porque não sei que ônibus pegar daqui. Me deixa na faculdade  para eu poder meu carro. Mas depois disso não quero mais saber de você, ok?
- Como quiser. – era óbvio que estava triunfando por baixo da máscara de contenção que cobria seu rosto. Ela me ofereceu um capacete, aceitei com relutância fazendo questão de mostrar isso encarando ela e fazendo uma careta de desdém. Subi na moto logo depois dela.

Os primeiros dez minutos passaram em total silêncio.
– Dormiu bem essa noite?
– Você não ia falar nada, lembra?
– Ta legal, ta legal. Desculpe.
Mas não se passariam nem dois minutos.
- Estou realmente arrependida pelo que fiz. Gostaria que soubesse disso.
-Que bom.
      Ela silenciou novamente.
– A história que me contou, é verdade? A do poker?
– Sim. Tudo verdade.
– E falta alguma coisa para me contar?
      Ela pareceu vacilar.
– Não, isso é tudo.
            Muito estranho. Parecia que ia falar mais alguma coisa.
– Não está me escondendo nada?
– Não, o que mais poderia te dizer? – riu meio sem graça – E aí, ainda vai fingir que não me conhece no corredor? Ou tem mais perguntas para me fazer antes de me considerar gente?
– Perguntas sempre terei. Mas ainda preciso pensar no seu caso quanto a te conhecer. – falei num tom sério.
Ela parou a moto em frente à universidade.
– Já pensou no meu caso?
– Já. – enrolei um pouco para responder vendo a inquietude dela. – Prazer, meu nome é Julia.
– Prazer, Bruna. – respondeu com um enorme sorriso no rosto.
– Bom, te vejo por aí pela universidade, certo? Realmente preciso ir trabalhar, senão o careca, ou melhor, meu chefe vai me matar, e claro que depois ele me ressuscita para terminar o pedido para os fornecedores. – nunca fui muito boa para piadas.
      Não dei muito tempo para despedida, saí andando, fugindo daquela cena quase constrangedora.

            No resto dessa semana e na semana seguinte, só vi Bruna passando pelos corredores. Não havia muito o que conversar, então basicamente acenávamos uma para outra e cada uma seguia seu rumo. Isso era constrangedor.
            Também, não foi um começo de amizade muito bom não é mesmo!?
      Ah, e a menina loirinha, Vanessa acho... nunca mais a vi. Não que eu me importe, claro.

      As provas semestrais começaram. É o tormento para todos os estudantes. Principalmente para aqueles que precisam de nota. Isso inclui eu.
– Nossa, não vejo a hora de acabar essas malditas provas! Estudar cansa! – disse Paolo enquanto estudávamos antes da prova de cálculo.
– Nem me fale! Ainda bem que amanhã é a última prova.
– Sabe o que vamos precisar depois de amanhã? Comemoração! Minhas notas estão ótimas e preciso sair para comemorar. Vamos marcar balada na sexta?
– Qual?
– É uma nova que quero conhecer. Disseram que é muito boa. – respondeu muito entusiasmado.
– E onde fica?
– É perto da sua casa. Ah, deixa de ser chata e vamos vai.
– Tá, mas quem mais vai?
– Vamos chamar só o Gui e a Pamela. – se inclinou e continuou falando baixo só para eu ouvir – Não vou muito com a cara da Amanda.
– Acho que pode ser vai. Faz um tempo que não saio mesmo para dançar.
– Faz um tempo tipo...uma semana né!?
– Ah, realmente faz um tempo não acha? – rimos disso. – Agora vamos voltar a estudar senão não vou poder sair amanhã.

      Cheguei em casa exausta por causa da prova de cálculo. O pior é que fui péssima. Com certeza vou tirar nota baixa. Me atirei na cama com preguiça de ir tomar banho, mas depois de muita relutância consegui criar coragem de ir para o chuveiro.
      Algo me veio enquanto estava no banheiro. Eu poderia chamar a Bruna. Mas será que não vai ficar muito em cima da hora chamar só amanhã na faculdade?

– Espera! Eu tenho o telefone dela. – falei comigo mesma, me assustando com a quebra de silêncio repentino.
      Vesti meu roupão e saí do banheiro em busca daquele pedaço de papel que tirei da minha bolsa daquela segunda feira que conheci Bruna. Eu tinha jogado fora. Será que alguém levou o lixo do meu quarto? Era quase certo que sim, embora havia algum tempo que minha mãe não entrava no meu quarto.
      No cesto de lixo haviam muitos papéis. E foi em um dos primeiros que achei o papel com o nome dela e um número de telefone celular embaixo. Consultei o relógio. Claro que já era muito tarde para ligar para ela. Seria falta de educação. E se eu a acordasse? Não, vou esperar para amanhã. Amanhã no serviço eu ligo para ela.
      Guardei o papel na carteira e marquei o número na memória do meu celular. Vesti minha camisola branca que tanto gostava e deitei na cama, acomodando o travesseiro e o edredon.
     
      Passados alguns minutos, ainda não tinha dormido. De uma hora para outra fiquei ansiosa. Não vou conseguir dormir enquanto não ligar para ela.
      Olhei no relógio novamente – 11H30. Acho que não vou acordá-la, ela também deve ter tido prova. Levantei da cama sentindo o ar frio noturno batendo na pele que não estava coberta pela camisola. Peguei meu celular e disquei, sem pensar, para o número de Bruna.
      Somente quando a garota atendeu é que pensei que não sabia como convidar. Desliguei quando ouvi a voz dela.
      Ao menos não estava com voz de sono. Ok, vamos de novo. Dessa vez encare.

–Alô? – a voz de Bruna não era muito diferente no telefone.
– Bruna?
– É ela. Quem está falando?
– Oi, é a Julia. Você me deixou seu telefone. Lembra?
– Ah, oi, Julia. Lembro, mas não pensei que você o usaria. E aí, tudo bem?
– A-h, tudo bem. – quase gaguejo – E como estão indo as provas?
– Só tenho duas provas na verdade. Só prova de teoria, matérias práticas tem prova. E as suas?
– Também só tenho prova de teoria, mas esse ano a maioria é teoria. Amanhã farei a última. E na verdade foi por isso que liguei. Amanhã por ser a última prova estamos pensando em sair para comemorar. Vamos a uma baladinha aqui para estes lados. Pensei se você não gostaria de ir com a gente.
– A-h, nossa. Me pegou de surpresa.
– Ah, desculpe se está muito em cima da hora... – fiquei sem jeito, quase desligo.
– Não, não é isso. – ela acrescentou depressa – Então, realmente para amanhã não tenho nada marcado. Mas acho que não conheço ninguém da sua turma...
– Você pode levar quem você quiser. Acho que vamos em dois carros de qualquer forma.
– Hm. – pareceu que Bruna estava pensando no assunto.
– É claro que não precisa responder agora. Vamos fazer o seguinte: se quiser ir me encontra na frente da minha sala depois da sua prova. Você e quem você quiser levar, é claro.
– Tudo bem, pode ser assim.
– Então, tá.
– Boa noite, Julia. Até amanhã
– Bo-a no-ite.

      Até amanhã? Então ela está pensando seriamente em ir?
      Voltei para cama inconscientemente, muda.
      Percebi que a ansiosidade não havia passado, somente aumentado. E essa noite e o dia de amanhã seriam longos, esperando pela figura de Bruna aparecer na porta da sala.

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