segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Capítulo 3

Olá!
Estou de volta e com mais um a cpaítulo inédito.
Desculpe pela demora, espero que vocês gostem. ^^
E aguardem o próximo capítulo semana que vem!!!
Até lá!


3

            Uma luta íntima e silenciosa acontecia em minha mente. O impulso de ir lá conversar com ela queria me dominar, enquanto uma repugnância surgia com as memórias dessa tarde. Não deu tempo de decidir. Perdi-a de vista. Misturou-se com a multidão. Pamela já tinha me alcançado e ficou olhando para mim sem entender.
— Julia, está procurando alguém? — perguntou ela olhando de mim ao redor.
— Ah, não. Pensei ter visto um conhecido, mas me enganei. — respondi me surpreendendo com a pergunta — Vamos para sala?

            Durante as duas primeiras aulas não conseguia me concentrar, pensando no que diabos aquela garota estava fazendo aqui. Como estudava aqui? Imaginei-a nos cursos que estão disponíveis no campus e não conseguia casar ela com nenhum deles. Simplesmente não parecia com ela, uma faculdade.
            No intervalo desci ao saguão novamente, tamanha era minha vontade de achá-la. Mas mesmo assim não sabia o que diria se encontrasse com ela. E quebrei a cara. É nesse horário que os reprimidos, depois de 1 hora e meia ouvindo em silêncio um professor chato falar, se soltam e extravasam. É nesse horário que a gente vê todos os que frequentam esse campus de uma só vez. Não a vi em lugar algum.
            Subi novamente para a sala, frustrada. Nem tinha percebido que meus amigos vieram falar comigo. Me disseram que eu estava muito distraída e nem ouvi eles falarem. Fiquei conversando com eles então. Pelo menos me distrairiam.
— Julia, está parecendo muito aérea hoje. Será que alguma coisa aconteceu na festa de ontem? Se deu bem com o Rubens? — Amanda perguntou com uma risada maliciosa. Ela só pensa nisso. Toda vez que sai, pensa em se “dar bem”. Bebe todas e geralmente sai da festa acompanhada com alguém. Acho que foi por isso que virou minha companheira de balada.
— Não, não quero nada com o Rubens. Mas...vamos dizer que não conseguiria dizer o que houve ontem. — mão poderia falar mais do que isso sem me entregar. — E o que vamos fazer no próximo final de semana?
— Essa Julia não perde tempo mesmo. Mal começou a semana e já está pensando no final de semana. — disse Gui, na maioria das vezes, o mais sensato da turma. Geralmente é ele que vai dirigindo e nos deixa de volta em casa.
— Não sei o que, mas eu estou dentro! — confirmou animada Amanda.
— Eu não vou poder acompanhar vocês nessa, tenho outros compromissos. — Pamela era nem lá nem cá, sai algumas vezes com a gente, mas de vez em quando some. Apesar de eu não confiar muito nas pessoas, era ela quem eu recorria quando tinha alguma coisa incomodando.
 O sinal para a próxima aula estava prestes a bater quando algo me chamou atenção na porta aberta da sala. Claro, Bruna estava olhando para dentro, como se procurasse alguém. Meu estômago revirou. Ela me encontrou; e sorriu maliciosamente para mim.
— Está melhor da dor de cabeça? Te dei muita canseira noite passada, né!? Mas olha, valeu a pena.
            Filha da mãe. O que ela pensa que está fazendo? Não vê que está todo mundo olhando?
            Parei atônita. Meus amigos olhavam dela para mim, provavelmente tentando entender o que perderam, ou especulando se era verdade, ou pior, tentando imaginar como teria sido. Afastei isso da cabeça, eu tinha que responder alguma coisa.
— Nos seus sonhos talvez. — que merda! Que frase mais clichê. Não podia ter pensado em algo mais inteligente?
— Nos meus e nos seus. — mais uma piscadela e saiu pelo corredor calmamente.
Ficaria muito estranho se eu fosse atrás dela? Com certeza.
— Quem era? Você conhece?
— Ninguém. Alguém que conheci na festa de ontem. Coitada, ela tem problemas. Acha que eu dei em cima dela. Sabem como é né!? Ninguém resiste ao meu charme. — todos riram junto comigo enquanto balançava o cabelo para os lados. Ufa! Dessa escapei por pouco.
            Mas essa história ainda não estava acabada. Não sei o que ela quer comigo, mas não vai ficar assim. 

            Depois da aula fiquei na saída da faculdade. É claro que não era a única saída, mas as outras opções são as que dão para o estacionamento. Descartei desde o princípio. Essa era a única saída para pedestres. Claro, com toda a faculdade saindo de uma vez era difícil de achá-la, mas eu tinha que tentar.
            Lá estava ela. Só tinha que atravessar o oceano de gente apressada para se libertar do massacre das aulas e chegar até ela. Missão quase impossível.
Quase.
— Bruna! — segurei-a pelo braço, depois de esbarrar em uma dúzia de pessoas e passar pela catraca.
— E não é que você viu meu bilhete. Deixe adivinhar: foi verificar se faltava alguma coisa de sua bolsa? Ficou muito decepcionada quando viu que não faltava nada? — disse ela com desdém. 
— O que está pensa que está fazendo indo na minha sala e falando aquelas coisas na frente dos meus amigos? O que você quer de mim? Não aconteceu nada entre a gente tá legal?!
            Falei alto demais. Mas claro que só fui perceber quando algumas cabeças viraram para nós. E é óbvio que Bruna se divertia com isso.
— Não estou fazendo nada. — disse alterando seu tom de voz com irritação — Só estou falando a verdade. Você fica dizendo que não aconteceu nada, mas no fundo sabe que sim. Você estava muito bêbada, sabia? Talvez seja por isso que não se lembra. Tenho que dizer que foi bom. — não disse nada. Não me vinha nada que poderia ser útil nesta hora. Vendo isso, ela se aproximou e com um dedo apoiou meu queixo. Continuou a falar com seu tom malicioso de volta:
 — Quem sabe não acontece mais uma vez?
Mesmo seu olhar me prendendo por alguns instantes, consegui me soltar quando seus lábios chegaram perto demais dos meus. Olhei ao meu redor. É claro que haviam muitas pessoas olhando. A maioria homens, provavelmente esperando ver duas garotas se beijando em público. O sonho de qualquer cara.
— Só some da minha vida tá legal?! — explodi — Se me vir no corredor não fale comigo. Finja que nunca me viu na vida. E não ouse em falar isso para quem é que seja. Não aconteceu nada. Eu sei disso. Tenho que acreditar nisso.
— Tá legal! Se é assim que você quer. Mas a realidade continua sendo a mesma. Isso nunca vai mudar. Acredite nas suas mentiras se quiser. Espero que seja feliz com elas. E — estava indo embora, mas voltou — me faça um favor também? Pare de procurar por mim durante o intervalo? Assim vai parecer que você quer um replay. não deu tempo de responder nada, ela já estava no meio da multidão outra vez.

Fiquei ali parada com cara de tacho enquanto as pessoas se esbarravam em mim e jogavam xingamentos na minha direção. Quanto mais tentava pensar em alguma coisa, mais me fugiam as palavras. Observei-a sair totalmente de vista.
Que garota mais impossível... mas de certo modo, fascinante.

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