quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Capítulo 4

Oláa!
Sei que deveria ter postado na segunda e talz, mas tive um pequeno grande problema com a internet. Desculpe por fazer esperar, mas aqui está mais um capítulo. ^^'
Boa leitura!
E não deixe de comentar!!!

4



            Abri os olhos com relutância quando o despertador tocou às seis e meia da manhã. Pelo menos estava em casa. Mas dessa vez as lembranças do dia anterior estavam presentes. Tinha voltado cedo para casa, dormi bem e tinha que me preparar psicologicamente para o dia que viria. Não quero aturar clientes chatos ligando para reclamar que a entrega está atrasada, que o produto foi com defeito. Sempre sobra para mim, a secretária. E nem pagam tão bem. Hoje não teria escapatória do trabalho.
            Levantei da cama para seguir a rotina da semana. Banho, café-da-manhã, carro, avenidas apinhadas de outros veículos, escritório entediante, mil ligações por dia, aguentar o chefe reclamando que eu não conseguia passar uma semana sem faltar pelo menos um dia:
                  — Se você faltar mais uma vez este mês, você está no olho da rua, me entendeu? Espero que esteja claro. — Sei que ainda não me demitiram porque eles precisavam de mim. Não é qualquer pessoa que aturaria um local de trabalho todo empoeirado e barulhento. Trabalhar em um depósito de materiais de construção podia ser desgastante e também perigoso à saúde.

            O dia todo foi cheio. Não dava tempo para pensar em mais nada a não ser parafusos, pregos, pisos, telhas, buchas. Saí de lá no horário habitual, seis horas da tarde. Quarenta minutos depois eu estaria na faculdade. Não posso dizer que estava ansiosa para ir para a aula. Na verdade eu iria levar a sério o que falei para a Bruna, mas alguma coisa dentro de mim gritava querendo vê-la. Sei que isso não é normal. Mas é explicável pelo o que aconteceu. Eu não tinha certeza se havia rolado algo entre a gente ou não. Já estava acreditando que o que ela falara, realmente aconteceu. E isso estava me apavorando e, agora, eu precisava da verdade.

            Estacionei meu carro na vaga de sempre. A faculdade já estava cheia, as aulas começariam em 20 minutos. Não teria tempo de procurá-la. E se ela me visse procurando-a, perceberia que não ia levar a sério o que falei. Fui direto para a sala. Eu tinha decidido não ficar procurando pela faculdade por ela. Aturei as duas primeiras aulas e consegui prestar atenção na maioria do tempo. No intervalo uns amigos insistiram para que nós descêssemos para comer alguma coisa. Acabei indo. Os olhos passaram por todos no saguão, por simples impulso. Mas como não a vi consegui relaxar um pouco. O intervalo estava quase acabando e subimos as escadas, ficamos enrolando no corredor. Além de mim estavam na conversa Pamela, Paolo e Gui, quase o quarteto inseparável. Paolo é o mais divertido, é daquelas bichas descaradas que adora uma boa conversa entre mulheres e sabe tudo sobre moda.
— O “gaydar” do Paolo é mais aguçado do que de outros gays, não é possível! A Julia está de prova, ele não dá uma fora! Não é Julia? — Pamela me pegou desprevenida enquanto minha cabeça estava longe.
— Oi? Ah! O Paolo em balada — ele olhava para nós incrédulo — é pior que mulher no shopping atrás de liquidação! Se bem que ele no shopping em liquidação também é muito engraçado!
— Não acredito no que estou ouvindo!  Que blasfêmia! — seu jeito de gesticular era único. Arrumou os óculos Armani com as duas mãos e continuou: — Só tenho um pouco de prática, só isso.
— Você é um puto mesmo! — se manifestou Gui levando todos às gargalhadas. — Mas gaydar todo mundo tem, ou pelo menos desenvolvemos. Hoje em dia virou questão de sobrevivência.
— Ai, que horror! Não concordo. Ou pelo menos acho que o gaydar dos gays são mais aguçados mesmo.
— Vamos fazer um teste então? — propôs Pamela empolgada — Aposto que aquele cara loiro ali do outro lado já pegou algum. — e apontou para um rapaz meio robusto com cara de machão que se mostrava interessado na conversa do seu colega.
— Ele não sei, — interveio Paolo — mas o gatinho que está conversando com ele eu já peguei!
— Que desperdício! — falei quando olhei direito para o rapaz alto e elegante que conversava animado.
— Mas assim não vale! As meninas vão saber identificar melhor as meninas oras. Vai tenta aí Pamela.
— Hum, deixe-me ver...aquela de cabelo preto e pele clara que está passando. Ela é não é!?
— Lógico que é! Mas essa não vale, já a vi pegando várias pelo campus, e uma mais bonita que a outra. Você já deve ter visto em algum lugar.
— Ah, já vi sim. Mas quem deve conhecer mesmo é a Julia, não é!? Não foi ela que foi na sala falar com você ontem, Julia?
       Por que será que não fiquei surpresa ao ver Bruna passando no corredor?
— É verdade, foi ela! — Gui estava analisando a garota e a reconheceu.
      — Ai, me pegaram! Seu gaydar me pegou, Pamela! — estavam todos rindo com a brincadeira e aproveitando o momento mudei logo de assunto — Ai gente, estou de saco cheio de aguentar o professor falar mais sobre fios e fases. Vamos para o bar! Hoje tem uma banda ao vivo tocando lá.
— Tá certo, eu topo. Mulher não entende nada de elétrica mesmo. — completou Gui antes de pegarmos nossas coisas na sala.

            O bar ficava na rua de trás da faculdade, não muito longe. Quinze minutos e já estávamos pedindo bebidas para todos. Na verdade não pretendia beber muito: dia de semana não dá para ficar de ressaca. Ainda teria que aturar alguns dias de trabalho até o final de semana.

            Já estava na terceira lata de cerveja e já tinha dançado umas cinco músicas da banda de reggae que tocava ao vivo, quando vejo as duas meninas de mãos dadas entrando no bar. Sentaram em umas das poucas mesas vazias e ali ficaram conversando.
Bruna estava com uma menina loira que aparentava ter uns 17 anos. Não tinha nem cara de que frequentava faculdade. Tentei não prestar atenção e fingir que não a vi ali. Mas depois que elas se levantaram para dançar e a se beijar, a coisa ficou insuportável. Ah, isso eu não vou aturar! Pelo menos não sóbria. Pedi umas doses de tequila enquanto puxava o primeiro cara para dançar.

Um comentário:

  1. Mmm. Heehee, tá realmente interessante a história por enquanto. Vi a referência que a Luna fez no blog dela, vim parar aqui, e tô gostando muito, continue assim n_n

    ResponderExcluir